A relevância da leitura é indiscutível. O ato não é apenas a confirmação verbal do vocábulo escrito. É uma ação extraordinária da cultura civilizatória. Atende tanto a simples como a complexos fins, tem repercussão na realidade social. Pode dar prazer. Mas deve ser obrigatória?
No artigo "
A leitura deve ser obrigatória?", publicado na
Revista Eletrônica do Vestibular, do Departamento de Seleção Acadêmica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o doutor em Literatura Comparada Gustavo Bernardo afirma que existem dois tipos de leitura: a obrigatória e a livre. Mas, no caso da obrigatória, o professor precisa manifestar o entusiasmo com o que indica, afirma. De acordo com Bernardo, a leitura deve ser tratada como obrigatória, explorando sempre a capacidade desta de permitir ver pela "perspectiva do outro". "A leitura obrigatória deve ser acompanhada de outras formas de estímulo à leitura, a serem inventadas pelo professor e pelos alunos", diz, entretanto.
O autor Antônio Carlos Viana diz, no texto "Não matem o leitor", divulgado no
rascunho - O jornal de literatura do Brasil, do diário
Gazeta do Povo, de Curitiba, que leitura forçosa não cria leitores. Pelo contrário, afasta-os dos livros, alega. "Quantos alunos continuarão lendo com voracidade poesia e ficção depois do vestibular?", pergunta.
O leitor e blogueiro paulista Luca Souza, de apenas 18 anos, do blogue
Descobrindo livros, assegura que, a partir das aulas de Literatura, é possível constatar que muitos estudantes passam a odiar a matéria. Na postagem "Sem roteiro: a leitura deve ser obrigatória?", Souza garante, contudo, que isso acontece não porque o docente não transmite o mínimo de entusiasmo com o que indicou e, às vezes, nem leu o livro sugerido. Segundo ele, o método de educação que mais dá resultados positivos é o exemplo. "Só aprende a ler quem é ensinado por quem faz isso, e muito."
Já o escritor, dramaturgo e jornalista Marcelo Rubens Paiva assevera que professores não deveriam abandonar os clássicos e nem se intimidar pelas "preferências". No artigo "leitura obrigatória?", publicado no seu blogue, Paiva escreve que os educadores "deveriam obrigar e pronto!" "Leiam! Quem não ler, repete! Ou mude de escola", sugere. "Mal não faz."