quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O hífen em 'procurador-geral'

Em vigor desde 2009, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, norma legal de escrita para os países onde se fala o idioma, tem regras para a grafia de termos por "composição". De acordo com o Novo Dicionário Aurélio, composição é a reunião de dois ou mais radicais para a formação de uma nova palavra, a qual tem um significado, não raro dissociado das noções expressas pelos seus componentes. É o caso, entre muitos, do vocábulo "procurador-geral", que deve ser redigido com hífen, de acordo com a grafia formal, segundo o Vocabulário Oficial da Língua Portuguesa (Volp).

O substantivo "procurador-geral" é um exemplo de quando dois radicais se acoplam e compõem uma só palavra, escreve o professor Carlos André, diretor do Instituto Carlos André e docente da Escola Superior de Magistratura de Goiás (Esmeg). A lei do Acordo Ortográfico afirma, sobre o uso do traço de união nos "compostos" (combinação de duas ou mais palavras que passam a funcionar como uma unidade): "Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido". A norma cita vários exemplos, como ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris e decreto-lei.

Mas há interpretações diferentes, mesmo com a palavra "procurador-geral" sendo grafada com hífen no Volp. O Manual de Redação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) afirma que, quando o adjetivo não passar um conceito diferente, não se empregará o hífen. Conforme o Manual de Redação, são exemplos de expressões sem hífen: diretor administrativo, diretor adjunto, auxiliar técnico e Secretaria Executiva. "O adjetivo 'geral' entraria nesse caso, uma vez que continuaria significando 'geral', 'global', em palavras como procurador geral e diretor geral", alega a PUC-RS. No entanto, a universidade diz seguir a norma seguida pelo Manual de Redação da Presidência da República, que preceitua o uso do hífen nesse caso, como o Volp.

"Com o termo 'geral', sempre se usa o hífen", afirma a doutora e mestre em Letras Neolatinas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Sandra Bassani, licenciada em Letras - Português, Inglês e Espanhol, e que leciona nos Cursos de Desenvolvimento de Servidores (CDS).

3 comentários:

  1. Tudo muito legal, escreveu-se tudo bem... Mas por qual motivo alguém não faz normatizar... haja vista, que pelo texto, parece que ficou sendo facultativo, pois apenas fulana e ciclana, doutores, doutoras, dizem que assim está certo, ou assim não está correto, siga-se o manual da Presidência... e por que não dizer - no futuro; siga-se o que está normatizado pela ABL.

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  2. É uma bagunça esse acordo ortográfico, traz mais dúvidas do que certeza. Sao muitas "autoridades" para um só problema: tratar bem a língua portuguesa, tão bela, mas tão complicada por causa de muitos doutores que querem meter a colher onde não deveriam. Ninguém se entende, não há unanimidade no Português.

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